sábado, 5 de janeiro de 2013

Tu és minha lenda



 
Eu era um  príncipe, agora vês em mim um monstro. Tu enxergas um monstro?  Eu sou apenas a projeção de ti mesmo.  Tu, sim, que pareces ter tanto medo deste ser repelente que te habita. Eu sou parte de ti, agora. Aquele que veio de longe para preencher tua alma, antes vazia de motivações.
Preciso do teu corpo pela tua capacidade de sofrer as dores que proporciono. Busca em ti mesmo, se estiveres à caça. O teu rosto é a máscara que ostento, desde que passei a viver do infortúnio dos humanos. O teu andar encurvado e o teu sorriso macabro, são sinais de aceitação.
Olha-te no espelho e verás a mim. Em tua face, a transfiguração do medo, do ódio e do pecado. Acabou-se a inocência. É por trás do teu reflexo que me mantenho à espreita. Tu bem o sabes e é ali o nosso encontro.
Quando saímos às ruas, para saciar nossas fomes, eu me alimento através de tuas presas. Se te distancias, eu te dou a proximidade. Eu imortal, respiro o cheiro de morte que vem de ti. A dor de tuas vítimas, refletida em teus olhos se transforma em mim, em puro prazer por este sofrimento que causei.
A minha presença é necessária, já não vives mais sem mim e também não morres mais. Eu estou aqui contigo e subsistiremos na imortalidade, por infindáveis dias, espalhando maldade, ódios e guerras. Até que reste apenas tu e eu, porque vivemos o mesmo pesadelo, do qual é impossível acordar.

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